Na véspera tentei planear a minha rota ao pormenor, tendo passado horas entre a Internet, posto de turismo e telefone a falar com a Helpline dos transportes. Posso-vos dizer que os transportes públicos em Southampton são mentira. Nesta cidade só há 4 formas de as pessoas se deslocarem: de carro, de bicicleta, de carro e de bicicleta. Sim foi propositada a repetição. É inacreditável mas existem 3 operadores de autocarros diferentes e todos fazem basicamente o mesmo percurso à volta do centro da cidade. Os preços, esses são um atentado às nossas queridas bolsas do ICEP. Um bilhete de ida apenas chega a custar £1,75 (ou seja 2,5€ ou se quiserem 500$...como é que é possível? Chamem a polícia porque é ladrão!). E pasmem-se porque para chegarem a certo sítios têm que apanhar 2-3 autocarros. Ah e não se esqueçam de contar com o regresso. Para quem acabou de chegar, andar a pé parece-me portanto uma solução inteligente…mas como? Também não há passeios em muitas das estradas e quando os há, são para bicicletas!! Enfim, estava eu a dizer que passei um mau bocado para chegar ao trabalho no primeiro dia. A Critical não fica propriamente perto de onde eu moro e muito menos do centro da cidade. Fica situada no “Science Park” em Chilworh. Mesmo que quisesse ir de transportes públicos até lá…não podia, porque não existem. Ou seja, estamos a falar de um centro que alberga 55 empresas e foi um investimento considerável por parte da cidade e não tem qualquer tipo de ligação via transportes públicos. Explicaram-me posteriormente que os operadores de autocarro são todos privados e que por isso quando uma rota não é rentável: eliminam-na. Parece-me lógico…adiante! No primeiro dia estava a contar com tudo…menos com NEVE. Sim porque como vim a comprovar depois, nunca neva em Southampton. No dia anterior o meu chefe, talvez antevendo o pior, disse-me para eu não preocupar que poderia chegar entre as 10h e as 11h. Ok! Despertador marcado para as 7h30. Saída de casa às 8h15. Mochila às costas, portátil, mapa, cachecol e gorro! Aqui e acolá bocadinhos de neve no chão, mas nada de outro mundo. Apanho o autocarro às 8h40 que pelos meus cálculos me deixavam mais perto do Science Park. Saio do autocarro na Basset Avenue por volta das 9h. Olho para o mapa…humm, isto ainda vai levar um bocadinho até subir esta avenida toda! Olho para o chão…m***a…devia ter trazido outro calçado! Aqui sim a neve começava a aparecer em grandes quantidades (tinha nevado mais numas zonas no que noutras). Bem, enchi-me de coragem e lá fui eu, a “fumegar” pela boca em direcção à rotunda de Chilworth que pelo mapa parecia ficar a 10min no máximo! Claro que tentei a todo o custo evitar que os meus sapatinhos “vela” ficassem molhados mas à medida que me aproximava da rotunda essa tarefa parecia impossível. Cheguei à rotunda às 9:50h (ainda estava longe para burro do meu destino final)! Olhei em frente e o cenário tinha piorado consideravelmente. A neve estava agora em todo o lado! Era impossível escapar-lhe! Mais…não havia passeios depois da rotunda o que significava que tinha que ir pela terra com uma camada de 20cm de neve em cima, ou pela estrada! Antes com os pezinho molhados do que atropelado pensei eu…siga! Passados 30min nova pausa. Terei andado demasiado e passado o desvio?? Confirmo pelo mapa os meios piores receios. Ainda falta metade do caminho que tinha feito desde a rotunda. Situação: sapatos afogados e mãos congeladas! Reinicio mas uma caminhada, a última e penosa caminhada! 10h55: Terra à vista! Hum…tinha demorado 2h40m para chegar ao emprego. Podia ter sido pior! Pelo menos cheguei no intervalo sugerido pelo chefe.
(Foto: Eu com cara de parvo e com os pés enfiados na neve...)
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Acho que dá para perceber que as próximas fotos foram tiradas noutro dia...mas pareceu-me apropriado colocá-las neste post.
O edifício no "Science Park" onde a Critical está situada.
O interior dos headquartes da Critical no Reino Unido...e eu bem mais alegre do que na foto anterior :)