Saturday, December 1, 2007

Epílogo

Regressei a Portugal há 3 semanas, tempo suficiente para perceber, agora melhor do que nunca, o que vai bem e o que vai mal, sobretudo quando comparado com a realidade de lá fora…

Tenho que dizer que gosto ainda mais agora do meus país do que há 9 meses quando o deixei rumo à velha Albion. Pouco ou nada mudou é verdade, mas depois da experiência noutro país comecei a dar mais valor a tudo o que por cá se faz e às pequenas coisas que ocorrem no dia-a-dia sem que nos apercebamos. A família, os amigos, a boa mesa, o sol, as pessoas, os bons costumes, etc. são motivos mais do que suficientes para me deixar muito feliz por este regresso a Portugal, ainda que naturalmente já tenha presenciado algumas situações menos positivas. Sem querer parecer paternalista ou moralista, gostava de indicar três factores me deixaram arreliado neste retorno: a condução, a noite e sobretudo, a mentalidade portuguesa.

A disparidade que salta imediatamente à vista assim que se chega a Portugal é a condução. Não que a condução em Inglaterra fosse perfeita, longe disso, era calma, se calhar demasiado calma resultando por vezes nalguma inércia dos condutores, mas pelo menos as pessoas eram corteses. Basta ver que os sinais dos “máximos” no Reino são feitos na maioria dos casos para deixar o outro passar à frente. Por cá a utilização dos máximos, a buzina, ou as palavras insultuosas são naturalmente sinónimos de protesto, algo em que o português é fértil. Infelizmente a maioria dos condutores nacionais são, e perdoem-me por dizê-lo, autênticas cavalgaduras! A condução por terras lusas é agressiva e provocadora, e apenas agora os (benditos) radares parecem minimizar os excessos de velocidade, ainda que em breves trechos. Também não era nenhum santo neste capitulo é verdade, mas devo felizmente ter perdido alguns vícios porque fico doido com a falta de civismo e ambiente hostil que se vive hoje nas estradas portuguesas. Aqui a malta mete-se à bruta, não deixa passar ninguém, faz autênticas gincanas e razias, sempre ao dobro da velocidade permitida e no final do dia chega a casa (os que chegam) com um sentimento de satisfação por ao menos nalguma coisa terem “poder” e serem superiores a alguém. É triste, mas é assim. Como diria uma amiga “Relaxa senão não encaixa”…

A noite lusitana também tem o seu qb de comédia. Nos primeiros dias de saídas com amigos tive que voltar a cair na realidade de que os bares\discos só começam a encher lá para as 2-3h da manhã, quando em UK a essa a hora já os bifes andavam a vomitar-se na rua depois de terem sido escorraçados dos bares que há muito tinham encerrado. Mas cómicos cómicos são os nossos porteiros, mais uma vez sempre com aquele ar superior (e de parvo se me permitem dizer). Examinam-nos de cima a baixo, varrendo-nos com um olhar que é um misto de troça e arrogância, por acharem que têm o poder de nos barrar. Acabam por não o fazer, mas querem mostrar que podem se o quiserem. Ridículos!

Mas tanto isto como a condução tem precisamente a ver com a mentalidade que é a meu a ver uma das coisas urgentes a mudar no nosso país. Na realidade, é triste constatar que num país com tantas potencialidades e tantas coisas boas, as pessoas teimem em esmorecer e estar constantemente a queixar-se e a criticar tudo e todos. Neste caso concreto a comunicação social não sai isenta de culpas uma vez que em vez de contrariar o desânimo que impera por natureza acaba por contribuir para um ainda maior desalento entre a população. Seja na política, no desporto ou no dia a dia, a toada é sempre de crítica constante, mesmo quando as coisas estão a melhorar. Nunca se está satisfeito. É verdade que Portugal continua na cauda da Europa em muitos indicadores mas não é menos verdade que nos últimos anos se tem afirmado em várias áreas e dado mesmo cartas lá fora. Porque não falar sobre isso? Porquê puxar sempre para baixo? Porquê falar mal do governo se as estatísticas mostram que estamos melhor do que há 2-3 anos atrás? Porquê falar mal do Scolari se no futebol Portugal tem conseguido os melhores resultados de sempre na sua história sobre o seu comando? Porquê focar constantemente as desafortunas das pessoas, os casos casa-pia, os apitos dourados, e não se dar a nenhum destaque às empresas e empreendedores portugueses que são casos de sucesso lá fora em área tão distintas como novas tecnologias e moda, ou nos profissionais portugueses que um pouco por todo lado são promovidos e elogiados pelo seu trabalho? O mal de Portugal é o Português, com uma mentalidade pequenina, tacanha e mesquinha. Temos que nos deixar de ser tão pessimistas e negativos. Se a moral das tropas está em baixo não há como vencer a guerra, guerra aqui entendia no bom sentido claro. Vamos ser positivos e ter orgulho em ser portugueses!

(...)

De resto, cheguei ao término desta aventura. É com um profundo sentimento de melancolia que escrevo este derradeiro post. Durante os últimos 9 meses este BLOG foi sem dúvida a ferramenta de comunicação mais poderosa para vos dar a conhecer os episódios mais relevantes nesta jornada e alguma das reflexões que me iam na alma. Foram muitos os posts e muitas as horas perdidas a escrever, mas no final a satisfação fala mais alto. Na hora despedida quero agradecer a todas pessoas que tornaram este espaço no meu santuário visitando-o regularmente ou a título de curiosidade. Obrigado igualmente por todo o feedback enviado através dos comments ou e-mail. Não esperava tanta adesão e por isso fiquei como é óbvio muito sensibilizado. Infelizmente, este será de facto o ÚLTIMO post. A vida em Lisboa é como sabem bastante mais acelerada, os tempos livres são menores e as coisas para fazer infinitas. Assim, este será o ponto final nestas minhas dissertações, pelo menos para já. Se no futuro o “bichinho” do espírito emigra voltar a falar mais alto ou tiver um outro projecto que o justifique pois então criarei um novo blog “All Good in…”. Até lá, deixo-vos com um clip resumo desta longa e frutuosa viagem…

[IN ENGLISH]

Sadly this is in fact the last post that I’m writing. During the last 9 months I got to know many people with whom I became friends. That is the greatest gift that I’m taking home. It was a pleasure to be with all of you and experience so many different things. Thank you for you all your support and friendship. Don’t forget that my invitation still stands. You are more than welcome to visit me here in Lisbon and get to know a fantastic city where the land meets the sea and the sun shines all year round. I hope to see you soon. Click on the video bellow to see the highlights of my journey in the UK. Take care.


Aqui fica a lista completa de destinos visitados ao longo dos 9 meses por ordem cronológica\ This is the complete list of all the places visited in the last 9 months by chronological order:

- Bristol and Bath
- London (Chelsea vs Porto)
- London
- Dublin
- Stonehenge, Salisbury, Winchester, Windsor, Eton and Ascot
- Scotland (Loch Lomonds, Trossachs, Glen Coe, Glen Nevin, Dornie, Isle of Skye, Loch Ness, Inverness, Portknockie, Aberdeen, Stonehaven, Edimburgh, Sterling and Glasgow)
- Amsterdam
- Poole and Sandbanks
- Stockholm
- Paris and Normandy
- Brighton (Newton Faulkner Live)
- London and Cambridge (27th anniversary)
- York, Lake District, Hadrian's Wall, Newcastle, Durham and Middlesbrough.
- London (Dave Matthews Band Live)
- Cambridge
- London (Dia de Portugal)
- Lisbon (Rita's Wedding)
- London
- Portsmouth and Isle of Wight
- Ramsgate, Canterbury, Dover, Margate and Broadstairs
- Midlands (Birmingham, Coventry, Stratford-Upon-Avon, Warwick, Ironbridge Gorge), Liverpool and Manchester
- London
- Cornwall (Tintagel, Boscastle, Carnewas & Bedruthan Steps, Newquay, St Ives, Land’s End, Coverack, Lizard Point, St Michael’s Mount, Porthcurno, Falmouth and Truro)
- Christchurch, Bournemouth, Brighton and Arundel
- Amsterdam
- Dusseldorf, Essen (Love Parade) and Berlin
- Oxford, Cotswolds and Gloucester
- Wales (Cardiff, Swansea, Rhossili, Tenby, Snowdonia, Caernarfon and Conwy)
- Yeovil, Glastonbury, Lyme Regis, Weymouth, Isle of Portland and Lulworth Cove
- Madrid
- New Forest
- London (Goodbye)
- Nottingham, Leeds and Sherwood Forest
- Lisbon (Critical's Radical Weekend)

Obrigado! Thanks! Gracias! Merci! Dankeschoen! Danke je! Dekuji! Grazie! Arigato! Dziekuje! Tack! SEE YOU AROUND!!! :)

Friday, November 9, 2007

Leaving on a Jet Plane

The time has come to leave the UK. I am flying back home tomorrow. Meanwhile I just came back from the street after I dropped off the car and sorted out the last paperwork. As I was strolling down Southampton centre one last time I couldn’t help looking back at these 9 months. Suddenly my face lighted up with a big smile while everyone else on the street looked miserable, rushing from one place to another. The truth is, I’m leaving some good friends behind but I have the feeling of “Job done”. What I mean is that, not only did I succeed in professional terms, but I also met a lot of new people and travelled across the country from top to bottom. I can’t really imagine what more I could have done. And the friends that I made here won't stop being my friends just because they leave in different countries. For that, I am a happy man :)


Nothing seems more appropriate right now than to play you the song “Leaving on a jet plane” in its original version, so that it can be fully appreciated eheh. Enjoy ;)

“Cause I'm leaving on a jet planeI don't know when I'll be back again”



I will write one final post once I get settled in Portugal and make a videoclip will all the highlights from these last 9 months. Don’t hang up on this blog…not just yet…there is still ONE MORE POST TO COME!!!

See you soon, you big baboon ;)

Thursday, November 8, 2007

Musas em Southampton

Ao abandonar a cidade e o país que me albergou durante os últimos 9 meses, sinto um misto de emoções. Por um lado, uma satisfação extrema por regressar a casa e poder ver amigos e famelga, voltar a ter dias de sol e comer bem, mas por outro uma certa nostalgia e tristeza por deixar para trás novos amigos. Foram muitas as pessoas com quem me cruzei durante estes 9 meses e de que uma forma ou de outra marcaram a minha estadia no Reino, mas existem duas em particular que quero destacar: Vânia e Robertinha. Foi graças a elas que ganhei ânimo para fazer muitas das viagens e que não dei conta dos dias a passar. As provas de amizade foram inequívocas até mesmo na hora da partida. Por esse motivo tenho uma afeição enorme por estas "garotas" e trato-as carinhosamente por minhas “musas”. Deixo-lhes este tributo que é de resto muito merecido. OBRIGADO...

As minhas MUSAS...

As MUSAS e eu!

Wednesday, November 7, 2007

David’s Leaving Doo

Hey guys! I had a blast last Saturday ;)

Thanks for coming to my house. It was wicked to have all of you together to say farewell. The next party will be in my new house in Lisboa, P O R T U G A L ! ! ! Hope to see you there. Bye bye butterfly ;)

Tuesday, November 6, 2007

Golf is a sport for gentlemen

Na verdadeira acepção da palavra “Gentleman” significa homem de uma classe social mais elevada ou nascido entre a nobreza. Ora, tendo em conta esta dogmática mas ao mesmo tempo e se permitem, prepotente afirmação, eu diria que o golf não é desporto para mim. E provavelmente até digo bem, já que tive oportunidade de o experimentar num dos últimos eventos da minha empresa. É verdade que as cercas de 2 horas de treino não dão para tirar grandes conclusões acerca do meu futuro na modalidade mas o que é certo é que também não me pareceu ter a aptidão necessária para este jogo. Apesar de reconhecer o seu “status” e proficuidade na sociedade moderna não me vejo a aderir à modalidade, pelos menos para já, até porque as minhas características enquanto desportista são imcompatíveis com o golf. Afinal de que adianta ser veloz ou resistente num desporto onde se passa grande parte do tempo parado? Se entretanto resolverem mudar as regras e a pontuação for atribuída ao primeiro jogador que chegar à bola depois da tacada, eu estarei aqui para dizer "presente" e talvez então possa singrar ;) Até lá, vou pertencendo à “plebe” ainda que já possua conhecimentos que me permitiram subir alguns degraus na hierarquia social. Afinal fiquei a saber que existem 5 tipos de tacos diferentes (Woods, Irons, Wedges, Hybrid Woods e Putters), diferentes tamanhos consoante a inclinação e consequente altura que se quiser dar à bola e que o próprio taco tem 4 zonas com nomes distintos (shaft, grip, hosel e clubhead). Para que querem eles tanto nome? Só se for para filtrar a nata da nata pois um normal plebeu como eu não conseguirá decorar tanto palavreado para o mesmo instrumento, penso eu de que. A minha participação neste evento foi deste modo o mais próximo que tive de ser um “gentleman”...

Deixo-vos com um excerto do Robin Williams Live On Broadway sobre o mesmo tema…




Aproveitem e se quiserem dar mais umas risadas vejam os outros vídeos do Robin Williams, em particular o “French” e “Viagra”

Monday, November 5, 2007

Long live the…Ipod

Uma das coisas que mais me irritam nos dias que correm são as avarias dos aparelhos em geral, sejam televisões, telemóveis ou…ipods. Tipicamente o dito aparelho aguarda pelo fim da garantia, para “pifar” depois. É como se tivesse uma bomba relógio. Isto torna-se ainda mais irritante quando nos pedem uma barbaridade pelo arranjo, em alguns casos praticamente o mesmo valor do aparelho em si.
A minha indignação já vem de longe mas aumentou, quando não há muito tempo atrás, o meu querido ipod deixou este mundo. Sem qualquer aviso prévio ou carta de despedida, simples-mente pereceu. Nessa altura fiquei devastado. Pior do que ter que comprar um novo, foi a perda de 60GB de música e muito trabalho de organização. Levei-o imediatamente à APPLE para que mo pudessem reparar mas o veredicto não foi o mais favorável: o disco rígido tinha entrado em colapso e não havia como recuperar a informação. Então perguntei quanto custava um disco novo. A resposta foi concludente: “Um disco novo custa 130 libras (cerca de 185 euros)”. “E um ipod novo?” perguntei eu. “O de 30GB custa 135 libras e o de 60GB custa 170”. “Muito obrigado!” retorqui, enquanto abandonava a loja. Aborrecido, pus o ipod de lado durante algum tempo e decidi que teria que comprar um outro modelo. Mais tarde, por sorte, resolvi ainda ir pesquisar informação na net sobre como consertar o ipod mediante aqueles sintomas. Descobri então alguns sites interessantes, alguns dos quais indicavam que o problema poderia estar no mau contacto de um cabo de alimentação do disco rígido. Posto isto, concluí que teria que pôr mãos à obra e abrir a “menina dos meus olhos”, tarefa algo ingrata, já que conforme saberão, não existem parafusos ou ranhuras no ipod. Não obstante, quando me preparava para a delicada operação, e depois de duas semanas de inactividade, voltei a tentar ligá-lo…et voilá: ressuscitou!!! Que felicidade imensa! Acabo de poupar 185 euros e recuperei toda a minha biblioteca musical. Ainda pensei que fosse sol de pouca dura, mas isto já aconteceu há 2 meses e o ipod ainda continua a bombar. Por isso deixo-vos um conselho: se alguma vez o ipod vos falhar, mesmo com um prognóstico desfavorável por parte da APPLE, façam alguma pesquisa na net antes de lhe passarem definitivamente a certidão de óbito.

Wednesday, October 31, 2007

T minus 10 and counting...

A partir de hoje faltam 10 dias para o meu almejado regresso a Portugal. 10 é também o dia de chegada a terras lusas, 10 de Novembro para ser mais preciso. Comunicarei oportunamente o meu regresso e as razões para o mesmo por e-mail…até lá vou “gozar” o tempo que me falta ;) See ya all later!

Chavs até em Sherwood Forest!

Já depois te ter escrito o penúltimo post (sobre os chavs), aconteceu-me mais um episódio digno de registo…e só de pensar nele dá-me vontade de rir…que gente mais triste!

Desta feita o incidente ocorreu em plena floresta de Sherwood, numa vila principal. Concluído que estava o roteiro do dia, decidimos ir tomar café, coisa que por estas bandas é complicado, a não ser que se dê de caras com um Nero ou Costa, o que em pleno countryside não é comum. Coube-me a mim a tarefa voluntária de ir SOZINHO procurar um café na rua principal, enquanto que as 3 donzelas e o príncipe aguardavam no carro. Lá fui! A meio do caminho deparei-me com um grupo de, nada mais nada menos do que, 4 chavs, na casa dos 14-15 anos. Ao passar por eles, fui presenteado com vários olhares reprovadores, troça, uma saudação irónica e um nome que não percebi mas que pelo tom com que foi dito e consequente risada, imagino que não tivesse sido propriamente um elogio. Abrandei por breves segundos, mas segui marcha de imediato, porque não queria confusões. Passados 30 metros tinha chegado ao fim da rua e por isso voltei para trás. Por saber que teria que passar novamente pelos rufias tirei os óculos escuros, enfiei o capucho na cabeça, coloquei as mãos no bolso largo e apressei o passo para chegar rapidamente ao carro. LOL, desculpem, é que não consigo parar de rir, os gajos são mesmo ridículos. Quando o pelotão dos “bravos” me viu aproximar novamente, pensando porventura que tinha voltado atrás por causa da provocação, ficaram alvoraçados e poucos segundos depois, desataram a correr! Mas correram desalmadamente como se tivessem a fugir de uma manada de touros enraivecidos enquanto olhavam para mim, que continuava em passo rápido em direcção ao carro. Enfim, já diz o provérbio, “Cão que ladra…”

Entretanto deliciem com mais umas imagens desta “espécie”
(Cliquem nelas para as ampliarem)












E um vídeo caricatura de Vicky Pollard, a típica chav inglesa (Thanx Ricardo)

Tuesday, October 30, 2007

Puzzle completo… Robin Hood e Halloween!

A menos de duas semanas do meu regresso a terras lusas coloquei a peça que faltava no puzzle de destinos turísticos a visitar no Reino: Nottingham e Leeds.

A ocasião da viagem, para além do já citado “completar do puzzle”, ficou a dever-se a uma prometida visita a VC, que temporariamente nos abandonara para trabalhar num projecto em Nottingham. Assim, e porque ela o merecia mais que ninguém, tratámos de preparar uma peregrinação de 4 sotonianos até ao norte do país.

Se há coisa que os ingleses souberam desde sempre fazer bem foi o marketing interno das várias cidades e atracções turísticas que possuem. Qualquer cidade ou vila no Reino é promovida com o factor “MAIS". Seja a ponte MAIS velha, a igreja MAIS antiga, a casa MAIS pequena, etc, tudo serve, nem que para isso se tenha que reduzir consideravelmente os limites da condição como por exemplo: “A igreja anglicana protestante medieval de arquitectura gótica situada no norte de Inglaterra com azulejos às bolinhas MAIS antiga do mundo”. Por outro lado estabelecem-se relações entre pontos turísticos e figuras míticas ou acontecimentos históricos como por exemplo: Tintagel e Glastonbury (Rei Artur), Sterling (William Wallace), Stratford-Upon-Avon (Shakespeare), Liverpool (Beatles), Woodstock (Churchill), Loch Ness (Nessie), Titanic (Southampton), etc. Os últimos destinos visitados não fogem à regra. Nottingham está intrinsecamente ligada ao Robin Hood, bem como a Sherwood forest onde pudemos ver a velha “Oak Tree” onde supostamente viveu e a igreja onde se casou com Lady Marian. Nottingham é a cidade com MAIS cavernas escavadas pelo homem, com o pub MAIS antigo de Inglaterra (um dos muitos que o afirmam pelo menos), e já agora porque não dizê-lo, a cidade com MAIS crime à mão armada no Reino. Leeds ao invés, tem o MAIOR mercado tradicional da Europa e a estação de caminhos-de-ferro em funcionamento MAIS antiga do mundo. Se algum dia se lembrassem de referir os pontos de interesse em Portugal com MAIS “qualquer coisa” tenho a certeza que chegariam a uma lista infindável. Seja como for, o fim-de-semana valeu acima de tudo pelo reencontro DM-VC-RO. Pelo meio houve lugar ainda para uma festa de Halloween para a qual todos se mascaram a preceito. Que o digam os meus ricos olhinhos que viram a tinta entretanto aplicada, permanecer por quase uma semana mesmo com muita esfrega e sabão…

Famosa estátua do Robin Hood no Castelo de Nottingham

Tentativa de foto artística...

Tentativa de...disfarce de Halloween...

O maior mercado tradicional da Europa (Leeds)

"The Oak Tree", residência oficial do Robin Hood...dizem pelo menos.

Chavs atacam Sherwood Forest (atenção ao próximo post...)



Vídeo (30s): Duelo de Cavaleiros no castelo de Nottingham

Thursday, October 25, 2007

Os ingleses: uma antítese complexa e a ascensão dos "chavs"

Chegou a altura me deixar dos politicamente correctos e dissertar um pouco sobre o povo que bem ou mal me acolheu vai agora para 8 meses.

Antes de prosseguir, quero fazer uma distinção clara. Sei que existem muitas divisões possíveis, mas eu simplifico dividindo os ingleses em 2 grupos apenas: dum lado estão os ingleses simpáticos, bem-educados, cultos, tipicamente mais velhos e do outro estão os “chavs” e aspirantes a "chavs". Se por um lado o primeiro grupo foi quem contribuiu para levar este país para a frente tornando-o numa super potência económica e militar, já o mesmo não se pode dizer sobre o segundo que teima em crescer significativamente em números. Infelizmente no meu dia-a-dia extra laboral acabo por me cruzar sempre com os “chavs” e daí ter resolvido escrever este post. E quem são “chavs” pergunta o leitor? Ora, os chavs são todos o ingleses (eu diria que 70% dos dos jovens de ambientes urbanos) que não tendo usufruído de uma educação própria nem tão pouco apanhado uns açoites enquanto crianças, contribuem para denegrir a imagem dos seus congéneres junto de estrangeiros que como eu, chegaram com uma imagem dos ingleses e infelizmente abandonam este país com outra. Geralmente não gosto de generalizar e até critico quem o faz, mas a minha amostra é bastante significativa. E não é precisamente isso que cria o estereótipo de um povo? Afinal de contas os portugueses foram durante anos considerados o elo mais fraco da Europa muito por causa do típico emigra tuga de bigode, pouco qualificado, que era apenas uma parte da população, porventura a que menos representaria Portugal. Eu não vou tão longe! Caracterizo os jovens ingleses urbanos que residem no seu próprio país e com os quais me cruzo diariamente. Além do mais, depois dos sucessivos episódios que experienciei, tenho moral suficiente para apontar o dedo. E faço questão de o apontar porque “o meu copo transbordou”. Estou um pouco escaldado é verdade, mas escrevo este texto de cabeça fria, algo que com o tempo aprendi a fazer, ainda que nem sempre seja fácil. Posto isto, deixo-vos com o role de acontecimentos que presenciei ou vivi aqui nesta terra e que reflectem as apreciações que estou prestes a fazer:

- Logo numa das primeiras semanas aqui no reino vi um bando de 10 miúdos (diria mesmo que não teriam mais de 14 anos) a destruir uma montra de uma loja na minha própria rua a 500 metros de minha casa. Fizeram-no por diversão tendo fugido de seguida, enquanto se regozijavam com a sua acção.

- As lojas têm avisos na porta onde se pode ler: “É apenas permitida a entrada de um adolescente de cada vez. Proibida a entrada de grupos” ou “Proibido o uso de capuchos dentro da loja”, tudo devido a reminiscências de actos passados levados a cabo por esta gente.

- Os meus housemates aconselham-me a não sair de casa a pé depois das 21h por causa da má vizinhança e atenção que eu não moro num dos piores bairros! A verdade é que todos os bairros aqui são maus…

- Ainda numa das primeiras semanas vi um grupo de putos no maior centro comercial do UK arremessarem às pessoas, mais uma vez por diversão, molhos do macdonalds abertos, com o intuito de as sujar. Como geralmente evito mostrar medo e passei perto deles, foi-me dirigido um destes projécteis que no entanto falhou na direcção.

- Ouço histórias diárias de pessoas agredidas na rua ou em pubs. Um amigo meu foi mesmo esmurrado num bar sem nada ter feito e uma antiga housemate minha foi agredida a pontapé na rua em Leeds enquanto se dirigia para o carro. Tive ainda conhecimento de muitas outras histórias na 2ª ou 3ª pessoa. Em várias ocasiões, eu próprio ouvi “bocas” e “provações” enquanto ia na rua.

- Na minha zona ouço de forma regular berros a meio da noite, garrafas de vidro a estilhaçar e acima de tudo, ouço uma catrefada de putos na galhofa uns com os outros, o que geralmente é sinónimo de injúrias corporais. Não foram raras as vezes em que percebi que o meu carro esteve no meio deste tipo de confrontos, tendo encontrado vestígios de ovos partidos e cuspidelas, entre outras coisas, nos vidros.

- Tipicamente os putos andam na rua com um ar gingão como se fossem donos e senhores do mundo, ou de bicicleta, fazendo uma série de razias aos transeuntes com o objectivo de os assustar, nada mais. Depois juntam-se geralmente nas paragens de autocarro onde ficam durante horas sem fazer nada. Se foram do sexo oposto o mais natural é exibirem todo o seu amor logo ali, ou se tiveram mais sedentos, irem para casa procriar contribuindo assim para a realidade expressa nas estatísticas que dizem que o Reino Unido é o pais com maior taxa de natalidade entre os adolescentes na Europa (sem contar com os abortos que se estima acontecer em 50% dos casos). Já agora é importante salientar que 90% dos ingleses (rapazes) perde a virgindade antes dos 15 anos! Outra estatística não muito abonatória para estes lados é que os putos ingleses são mesmo considerados os mais violentos da Europa. (ver artigo: http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk/6108302.stm)

- Mais recentemente, e esta foi sim foi para mim a gota de água, numa das viagens pelo Reino fora, foi-nos arremessada uma garrafa de coca-cola de 2 litros (atentem bem: 2 litros!) de um terceiro andar. E não pensem que aconteceu num bairro reles ou numa cidade conhecida por haver muitos distúrbios…aconteceu em Poole que é, ficam a saber, um dos locais em Inglaterra onde o preço das casas é mais elevado. A dita “bomba” foi lançada com o claro objectivo de nos atingir, ou pelo menos de nos sujar, objectivo esse que conseguiu. De imediato olhei para cima a tempo de ver uma cabecinha sorridente esconder-se no interior. Ainda a quente, quis entrar no prédio para tirar satisfações mas depois de muita insistência fui demovido de o fazer, e ainda bem para mim, digo eu.

Posto tudo isto o que aconteceu em apenas 8 meses, sinto-me revoltado. E não pensem que estes putos ou “chavs” de que falo são uma minoria ou que tive azar. Nem vale a pena dizer que estas coisas acontecem em todo o lado, mesmo em Portugal. É certo que em Portugal acontecem coisas até piores mas não com esta frequência e sobretudo, apesar de isso não ser desculpável, os motivos são quase sempre o furto, ao passo que aqui é simplesmente a agressão gratuita como descarga de frustrações. O típico mitra que se vê nalgumas zonas de Lisboa é aqui o característico jovem bife que encarna a geração mtv-hip-hop- yo-tasse como ninguém. Não falta nada desde a calça fato-treino, brincos e colares reluzentes, boné enfiado até meio ou gorro ou capucho e claro camisola larga de preferência de um clube de futebol. Os que pensavam que o retrato do miúdo inglês correspondia ao príncipe William ou o Harry Potter desenganem-se!

Mas qual a explicação para toda esta agressividade? Simples! É imoral e quase que considerado crime bater nos miúdos hoje em dia. Uma vez que nunca apanharam aquelas valentes bofetadas enquanto novos, cresceram pensando que podiam sair impunes de tudo, e saem mesmo porque ninguém lhes faz frente. De resto alguns ingleses mais velhos não escapam deste role de acusações completamente ilesos pois de vez em quando também lhes dá uma travadinha e "cá vai disto"! É sabido que o inglês é tipicamente uma pessoa mais reservada, que não extravasa as suas emoções facilmente, acumulando tudo o que é sentimento negativo. Quando um amigo lhes pergunta como correu o dia ou como está a situação no emprego a resposta é sempre a mesma: “Oh lovely”, “Marvellous” “Couldn’t be better”. Tal como noutros países nórdicos, a grande maioria é incapaz de desabafar os seus problemas. Ao menos o tuga não tem papas na língua e manda logo: “Olha não gosto nada daquela merda” ou “O meu chefe é um cabrão”. Aqui calam-se caladitos, mas quando se sentem sufocados pelas suas próprias angústias, complexos ou frustrações, mandam tudo cá para for à lei da porrada. É triste, mas acontece em muitos casos.

Tenho a convicção que este problema é bastante menor quando se fala de Londres porque obviamente é uma cidade cosmopolita, com muitos estrangeiros e mesmo os ingleses que por lá andam, estão obviamente mais aculturados com outros povos. Mas mesmo lá há problemas deste género. E reparem que não relatei apenas situações que aconteceram no meu bairro ou na minha cidade. Andei por todo país e em todos os sítios encontrei o mesmo tipo de comportamento. É raro, mas de vez em quando lá dou de caras com um puto inglês com boas maneiras e educado. Epah, não estou a pedir para que os gajos me dêem os bons dias quando me vêm ou segurem a porta para me deixar passar nem nada dessas merdas, nem tão pouco me chateia se os gajos se matam ou esfolam uns aos outros, ou se fazem mais sexo 50 vezes ao dia, mas exijo no mínimo que respeitem o próximo.

A única boa noticia é que parece que esta coisa de ser um chav(alo) inglês com mau feitio é passageira porque à medida que vão crescendo, vão ganhando juízo. De resto, são os próprios ingleses a admitir este mesmo problema. Dêem uma vista de olhos nestes artigos que falam acerca desta nova realidade, os “chavs”:
http://en.wikipedia.org/wiki/Chav
http://www.britishcouncil.org/japan-trenduk-chavs.htm
http://www.chavscum.co.uk/
http://www.urbandictionary.com/define.php?term=chav : ler obriga-toriamente! A primeira definição, é de chorar a rir
http://chavstest.com/quiz/index.php : descobre se tens um pouco de chav em ti

Para terminar volto a frisar de que falo apenas de uma franja da população. É evidente conheço muitos bifes porreiríssimos e de boas maneiras, mas não passo um dia em que não tenha que levar com um dos outros cromos e a minha paciência tem limites.

Desculpem o desabafo mas estava na altura…

Friday, October 19, 2007

Goodbye London

Cheira a despedida. À medida que tomo consciência que a contagem já entrou em modo decrescente para o regresso a casa, não consigo evitar por um lado alguma ansiedade mas por outro, uma certa nostalgia. No último fim-de-semana voltei a Londres, mas desta feita o sentimento era de partida e não de chegada. Enquanto percorria as ruas onde já passei tantos dias e noites, a minha cabeça enchia-se num turbilhão de recordações. Este conseguiria ser ainda assim um dos fins-de-semana mais calmos de sempre...

O dia de Sábado foi praticamente todo passado num seminário sobre MBAs onde recolhi mais 4kg de papel para carregar no regresso a casa. Domingo foi dedicado a compras, mas não para mim claro está, até porque as minhas finanças já viram melhores dias. Pelo meio ainda houve tempo para eu apanhar um dos maiores pifos de sempre numa típica discoteca londrina, afinal despedida que se preze tem que ser bem regada!

Na retina ficaram alguns episódios:

- Londres ou melhor, o Reino Unido foi invadido pelos Espanhóis! É verdade, talvez por ter andado mais tempo sozinho pude observar com maior cuidado as outras “gentes” e daí ter constatado este facto. A armada espanhola vai-se camuflando por entre este povo subtilmente e deixando o seu rasto linguístico bem vincado como expressam as novas palavras inglesas que fui assimilando: “essemáile” em vez de “smile”, “banila” em vez de “vanilla” ou “ión” em vez de “John”. O bom mesmo é que também espalham o seu charme por estas terras. Porra! Das duas uma, ou as moças espanholas estão cada vez mais giras, ou a minha visão está já muito deturpada pelas bifas esquálidas e anafadas!

- Profundamente irritante é a nova tendência de andar com os telemóveis na rua ou nos transportes públicos como que de telefonias ambulantes se tratassem. Seja em grupo ou sozinhos lá vem a malta do “boné” a curtir o som que sai das colunaszinhas do frágil aparelho, com o volume sempre no máximo como não poderia deixar de ser. Querem atenção? Não bastam os fios de ouro reluzentes ou o gel que corre pelo rebuço abaixo? Metam os phones c#$%*§o!!! Que cambada de energúmenos…

- Um episódio caricato aconteceu-me no WC da Victoria Station aonde me desloquei para fazer um xixizinho. Pus a moeda de 20c, como é normal por estas bandas e lá entrei. Quando vou a descer as escadas para a casa-de-banho propriamente dita cruzo-me com um gajo que fica parado a olhar para mim. Um pormenor importante, o indivíduo estava bem vestido com fato e gabardine, mas adiante! Continuei a descer e reparei por cima do ombro que o gajo, que ia a fazer o caminho inverso a mim, continuava parado e especado a olhar. Na altura pensei: “Este parvo confundiu-me com alguém”. Lá prossegui até aos mictórios (gosto tanto desta palavra) e quando relaxadamente fazia o servicinho noto que alguém se aproxima e toma o lugar exactamente ao lado do meu, ainda que tivesse outros 20 mictórios vagos ao lado! Enfim, lá continuei a olhar em frente minding my own business, eis senão quando, noto que o fulano desvia a cabeça na minha direcção. Nisto lanço-lhe um olhar hostil mas percebo que ele me contempla de uma forma entusiasta, colocando agora a sua vista no meu…instrumento, errr….what the fuck?? Alvoroçado, lá me "arrumei" e corri dali para fora sem olhar para trás. F*D#$$£! Acontece-me de tudo neste país…

- Por último, ainda passei pelo Harrods e devo dizer que fiquei deleitado com a inesperada surpresa que foi ver o nome e imagem de Portugal espalhados por um dos armazéns mais famosos do mundo. Pela primeira vez vi uma campanha de marketing sobre Portugal no exterior que me deixou orgulhoso. Enquanto passeava pelos imponentes corredores do Harrods pude ver inúmeras referências ao “Portuguese Studio”, isto para não falar dos mupies em destaque em cada entrada. Curioso, subi até ao terceiro andar e não fiquei desiludido, muito pelo contrário. Os responsáveis por esta acção conseguiram pegar em coisas que porventura eu consideraria pirosas em Portugal como os bordados da madeira ou a porcelana e transformá-la em algo belo. Afinal não é para isso que serve o Marketing? A área reservada à promoção do nosso país está super bem decorada e não deixará ninguém indiferente. Vieram-me as lágrimas aos olhos ao ouvir alguns comentários de pessoas que circulavam naquela zona e afirmavam num inglês muito british “Oh, Portugal is one of the most beautiful countries in Europe…i want to go there again!”. É evidente que não há almoços grátis e como não poderia deixar de ser, conforme pude constatar depois de investigar na net, esta campanha que tem a duração de um mês custou-nos qualquer coisa como 500mil euros. Seja como for, ainda que avultado e geograficamente restrito aquela superfície comercial, este será com certeza um investimento com grande retorno a curto prazo. Os meus parabéns aos responsáveis pela iniciativa:
http://www.harrods.com/Cultures/en-GB/News/260907Portugal.htm

Adeus Londres, até breve…

Wednesday, October 17, 2007

Dá-me licença? Surreal no mínimo!

No outro dia, enquanto esperava que o sinal verde abrisse no semáforo vejo um gajo a correr e a aproximar-se do carro que estava à minha frente, abrir a porta do lado e entrar com um papel na mão para falar com o condutor que aparentemente o conhecia. E digo aparentemente de propósito porque foi o que me pareceu na altura dado o “à vontade” do tipo que entrou no carro e do próprio condutor que agiu com naturalidade. Segundos depois, quando se dirigiu para o meu carro para repetir a proeza percebi que afinal não conhecia o outro tipo de lado nenhum. Fiquei estupefacto! O gajo sai do carro da frente e vem direitinho ao meu. Faz-me sinal do lado de fora e tenta abrir-me a porta. É evidente que naquela altura já a tinha trancada, mas o gajo insistiu e a merda do sinal não havia meio de ficar verde. Lá abri a janela do lado contrário para que o gajo pudesse falar e então perguntou-me alguma coisa que eu não percebi bem mas acho que queria direcções. Pouco depois ficou verde, disse-lhe que não era dali e arranquei. Mas realmente, isto agora é um cabaré autêntico. Um gajo do nada, lembra-se de perguntar direcções, se é que era mesma essa intenção dele, abre a porta dos carros e senta-se ao lado do condutor calmamente a falar! Epah, não percebo esta gente! E dada a reacção do outro, eu diria que isto não é assim tão anormal. Então e um se faz favor? Dá-me licença? Nada?

Thursday, October 11, 2007

New Forest e o coice!

O último fim-de-semana foi mais soft do que a habitual correria. Ainda assim demos mais uma passeata desta vez aqui bem perto. Fomos até New Forest que fica a 15 minutos de minha casa e é uma das principais áreas verdes do Reino. Foi aqui que surgiram pela primeira vez histórias sobre duendes, homens verdes, bruxas e coisas do género. Ao relato dessas histórias não serão alheios os muitos cogumelos selvagens por aqui existentes, alguns deles quiçá mágicos ;)


Umas das coisas que muito admiro nesta gente é que, ao contrário do que sucede por exemplo em Portugal, a malta com mais dinheiro vai viver para o campo, não se importando de se deslocar todos os dias até à cidade, mas ganhando com isso qualidade de vida. New Forest é uma zona claramente para classe A e B. Por isso mesmo, fomos encontrar um stand da Ferrari e outro da Maserati bem no centro de Lyndhurst (vila principal). E lá nos deparámos com outros pacóvios que, como nós, vieram da cidade (raparem que aqui é ao contrário) para ver as maravilhas do “countryside”.

A New Forest é também um lar para muitos animais selvagens, entre os quais, os veados cuja caça por desporto celebrizou esta região. Pelo meio fizemos mesmo um “Deer Safari” para ver estas magníficas criaturas bem de perto. Fiquei a saber que um veado macho pode ter vários nomes consoante a espécie mas o mais comum é mesmo o “Stag” e que apenas pode ter 12 ou 14 pontas nos chifres. Nota mental: não se aproximar de um destes “stags” em plena época de acasalamento!

Os Cavalos selvagens também pastam e procriam livremente por esta zona, não se atemorizando com a presença dos homens nem tão pouco dos carros. O rasto de bosta e consequente odor pestilento marcam igualmente a região.

Algo que marcou, não a região, mas a mim em particular neste fim-de-semana, foi o coice que levei dum dos equídeos, que não terá ido porventura com a minha cara. I should have known better! Na primeira vez que saímos do carro aproximei-me de uma destas portentosas criaturas, armado em carapau de corrida, e fui presenteado com uma patada enérgica. Valeu o facto de ter percebi a intenção do bicho e me ter desviado subtilmente, não o suficiente embora, para que o dito cujo falhasse na sua intenção. Como tal, fui atingido no meu local mais débil (não esse seus pervertidos!), o meu joelho esquerdo onde tive uma lesão grave há 2 anos. Brincadeiras de parte, não fiquei lá muito bem tratado, mas vamos ver como é que isto evolui. No entanto esta situação vem comprovar a minha teoria de que os animais com o pelo branco, como foi o caso, são mais agressivos do que os outros. Depois de ter experienciado quando era miúdo a raiva de um hamster branco (com olhos vermelhos) e de um coelho, também ele de cor alva, sinto agora na pele, ou melhor no joelho, a corroboração da minha teoria: OS ANIMAIS ALBINOS SÃO LOUCOS! Mesmo os animais racionais, como o homem! Reparem nos traços físicos do psicopata-padrão…tenho dito! De qualquer forma, depois deste episódio com um cavalo mais sénior, acabei por apenas me acercar dos mais pequenotes…

Sunday, October 7, 2007

Rendez-vous a la Movida

Bem ao jeito do HI5 com fotos porventura mais pindéricas e vulga-res, este post parece tresmalhado face aos demais. Não gosto de ser lamechas, muito menos em público, mas há vezes em que nos sentimos mais melancólicos, esta é uma delas. Recordo o último fim-de-semana sem monunentos, sem história, mas com grande grande espirito boémio e AMIZADE.

Ocorre-me agora um provérbio mongol de que gosto particularmente que diz o seguinte:

"O vitorioso tem muitos amigos; o vencido, bons amigos"

(...)

E em vídeo...é só artistas!



Este fim-de-semana foi assim...daqui por um mês há mais, em Portugal.

Friday, September 28, 2007

Glastonbury and Jurassic Coast

Pode não ter praias, bom tempo, boa comida, boa hospitalidade, etc mas se há coisa que este país ainda tem para nos oferecer é HISTÓRIA. Disso mesmo é exemplo este último fim-de-semana.

Aproveitando a deslocação até Yeovil (Somerset) por motivos laborais resolvi desmistificar as terras que um dia foram denominadas de Avalon, uma das, senão a mais importante, lendárias localizações conotadas com Rei Artur e seus camaradas. Há muitos séculos atrás, Avalon era uma ilha, mas entretanto as águas secaram, e hoje em dia as mesmas terras dão lugar à cidade de Glastonbury famosa pela excentricidade dos seus habitantes e claro pelo festival com o mesmo nome que é dos mais famigerados do mundo (http://en.wikipedia.org/wiki/Glastonbury_Festival). Hoje, o símbolo da cidade é o Glastonbury Tor, no cimo do monte, outrora uma ilha, local onde em teoria foram descobertos originalmente os túmulos de Artur e Guinevere (sua esposa). Dizem que se se subir até ao topo pelas 5-6 da manhã nesta altura do ano, se consegue ver a cidade inteira encoberta pelas famosas brumas de Avalon. Claro que não o podemos comprovar porque depois da estica que foi o fim-de-semana anterior, a palavra de ordem neste era: DORMIR! A cidade em si seria normal, não fossem as lojas ou as próprias pessoas serem completamente alternativas. Desde lojas góticas, afrodisíacas, de pedras magicas, de chás e afins, de sementes de cannabis, lojas africanas e asiáticas, templos hindus, budistas ou taoistas (Yin and Yang), famílias inteiras vestidas de preto, hippies e outra malta com a mania do esoterismo, vimos de tudo! Foi sem dúvida a cidade mais…diferente que vi até hoje pelo Reino! Passámos depois na costa Jurássica por entre vilas e cidades à beira mar (Lyme Regis, Weymouth, Isle of Portland, Lulworth Cove) e penhascos do período Cretáceo, recortados pelo mar e acabámos o roteiro com uma ida a Poole e Browsea Island debaixo do maior temporal do ano.


Um beijo especial para a mineirinha mais “porreta” do Reino que viajou sozinha correndo mil perigos, para se juntar a mim nesta jornada ;)

O centro de Glastonbury

O estouvado dono da loja das sementes de Cannabis prontifica-se para nos dar a provar um leite com origem na dita semente

Glastonbury Abbey, para onde foram levados os corpos de Artur e Guinevere (segundo a lenda)

Glastonbury Tor, a antiga e misteriosa ilha de Avalon

Outrora o lago de Avalon, hoje em dia a cidade de Glastonbury, ao fundo...

Apesar da imtempérie que se aproxima, RO está "feliz" :)

Cymru

À medida que o término da minha estadia no Reino se vai aproximando, também o tempo dedicado ao Blog começa a escassear. Enquanto se entra na contagem decrescente, vão se carimbando os últimos destinos turísticos…

Desta vez elegemos WALES (Cymru em Galês) como alvo de mais uma jornada no auTBMobile, repetindo a fórmula de sucesso usada em Cornwall com 4 pessoas: moi memme, uma portuguesa tripeira (VC), uma brasileira mineirinha (RO) e uma nuestra hermana (MS).

Antes de mais tomem lá um pedacinho de cultura geral…

O País de Gales (WALES) faz parte do Reino Unido e tem por isso em termos políticos a rainha como soberano máximo, sendo o poder exercido pelo parlamento de Westminster (Londres). No entanto existe uma assembleia em WALES que pode passar as suas próprias leis ainda que actualmente estas tenham que ser aprovadas por Westminster. De resto WALES é um país independente com a sua própria língua e cultura. Tudo quanto é sinalização de rua está escrita simultaneamente em inglês e galês, que tem mais a ver com o alemão do propriamente com o inglês. Tal como acontece por exemplo com o povo escocês, os galeses afirmam-se como galeses e não como britânicos, fazendo questão de mostrar por vezes a sua animosidade com o povo inglês. O célebre dragão vermelho presente em toda a cultura galesa e usado na bandeira teve origem no mito da lenda do Rei Artur em que Merlin dizia ter avistado um dragão vermelho (País de Gales) derrotar um dragão branco (Inglaterra).

Relativamente à passeata propriamente dita, esta teve início em Cardiff onde decorriam no mesmo fim-de-semana 4 dos jogos do 2007 Rugby World Cup (France), vá se lá saber porquê. O ambiente era como seria de esperar de festa com a equipa da casa a defrontar a Austrália. Seguimos depois para Swansea, Oxwich Bay Beach (que foi designada pela Travel Magazine como a praia mais bonita do Reino Unido em 2007), Rhossili (unanimemente considerado por terras britânicas o lugar com a vista mais extraordinária e com o pôr do sol mais arrebatador) e finalmente Tenby, todos no sul. No dia seguinte fomos conhecer a região da Snowdonia (que rodeia a montanha Snowdon, uma espécie de Serra da Estrela cá do sitio) e os castelos do norte de WALES que dizem os entendidos são dos mais imponentes do Reino e património mundial da UNESCO. Foi num destes castelos que visitámos (Caernarfon Castle) que se deu a investidura (cerimónia de formalização do título de príncipe) do choninhas do Príncipe Carlos, se é que isto interessa a alguém. O dia ficou marcado pelas fortes intempéries na montanha e pelo facto de eu ter batido o meu recorde pessoal de horas a conduzir num só dia: 12 horas, sendo que 4 e 5 delas foram seguidas. Por falar em recordes aqui fica outro interessante. Não tenho memória de ter aniquilado tantos mosquitos numa noite como na noite de Sábado: Nove, contei eu, NOVE! Mas ainda sobraram alguns para me atormentar…parasitas! Neste dia, as meninas ainda me quiseram “fazer a folha” por tê-las feito acordar às 5h30 da manhã não permitindo assim que completassem os seus sonos de beleza, e talvez por vingança ou não, o meu duche dessa manhã foi tomado com água gelada, não morna, não fria, mas GELADA! No final do dia estavam porém “felizes” com o itinerário escolhido…acho eu…espero eu!! :)

Agora as fotos…

O interior do Castelo de Cardiff com o Millennium Stadium onde decorreram os jogos dos Mundial de Rugby mesmo ao lado

Dragão Vermelho vs. Dragão Azul

Cardiff Bay

Cardiff Bay

Air Show em Swansea

Eu e a bifa, perdão Biffa, mais famosa do Reino :p
(a propriedade intelectual desta foto pertence ao Gonçalo M. eheh)

Rhossili (Gower Peninsula)

Rhossili (Gower Peninsula)

Tenby de madrugada

Snowdonia

Snowdon Waterfalls

Conwy Castle