Não foram um, nem dois, mas sim três encontros imediatos com a natureza nos últimos dias…um caso de cada vez
Uma amiga rastejante de sangue frio…
Uma amiga rastejante de sangue frio…
Bambi voltaste!
Quando fui ao escritório no Domingo à noite buscar o portátil cruzei-me com uma criatura inesperada. Aproveitando talvez a calma que reinava ao fim-de-semana para aqueles lados, um veado juvenil decidiu aventurar-se no único pedaço de civilização perdido no meio bosque. Saiu da escuridão, cruzou-se com os meus faróis e fugiu desamparado pelo meio das árvores, sem cornos, pequenino e desengonçado, nem as pintas do dorso lhe faltavam. Nessa altura senti-me nostálgico e recordei os meus tempos de criança em que fui pela primeira ao cinema. Filme: BAMBI. Lembro-me que chorei baba e ranho na última cena do filme…ok tinha 6 anos tá? Mas pensando bem agora, que final tão pouco pedagógico para as crianças…enfim. De quando a quando, também encontro esquilos, mas já é tão normal que não faz história. Muitas outras vezes passo perto de arbustos na fronteira entre a civilização e o bosque, e ouço as folhas a restolhar ferozmente…nem quero imaginar o que se passará lá dentro. Um dia destes ainda me sai um jacaré ou pior, um “chav” de faca em punho…Mutantes voadores à solta!
Naquele que foi seguramente o dia mais quente até agora em Inglaterra a minha casa foi invadida por dúzias de insectos (de noite) atraídos pelas luzes brancas da cozinha e aproveitando o facto das janelas estarem abertas. Entre mosquitos, borboletas domésticas e outros que tal, houve uma que se distinguiu entre todas as espécies. Na altura não sabia o que lhe chamar. Mosquito gigante? Mosca-Aranha? Fosse o que fosse era grande, feio, porco e mau! Parecia um mutante, o que com todas as alterações climatéricas que se fizerem sentir, não me admirava nada. Enfim, estava eu preparar-me para fazer o jantar, já depois de ter “despachado” uns quantos mosquitos, quando avistei a “besta”, repousando nas suas longaaaaas patas pretas contrastantes com o branco cal da parede. Naquele momento estava apenas eu e a Espanhola na cozinha. Viro-me para ela e digo: “Oh look, there’s a huge bug on the wall…look at it. Is it a spider? Whatever it is, it’s enormous…it’s a giant beast!”. Ela olhou muito devagarinho para cima, deu um grito de terror, levantou-se e foi-se embora. Bem, agora era apenas eu e o “mutante”, mas desde que ele não me chateasse, eu também nada faria para o importunar. Continuei a preparar o meu jantarzinho, embora sempre com um olho no burro e outro no cigano, não fosse o(a) safado(a) querer pousar no meu repasto. Nisto, quando vou buscar alguma coisa para pôr na comida, sai-me outro espécime daqueles gigantones esbaforido por detrás das garrafas.
Não gritei, mas apanhei um susto do caraças…sobretudo porque estas aberrações são mesmo colossais. Observei-o enquanto pousou noutra parede e pensei “Boa…já não bastava ter que vigiar um, agora tenho dois…ainda fico estrábico!”. Continuei a preparar o jantar com um olho no burro, outro no cigano e outro no tacho, quando de repente perco de vista o primeiro. Mau sinal! Quando dou por ela está o bicharoco em cima de mim, atraído talvez pelo vapor do tacho…argghhh! Dou-lhe um safanão que o deixa atordoado, agarro numa revista e cá vai disto! Estava possuído! Enrolei a revista em formato de bastão e distribui tacadas por tudo quanto era sitio, qual Babe Ruth (lenda do Baseball) qual quê. Varri a cozinha toda à “swingazada”. Como devem imaginar depois desta ofensiva não restou nem um insecto para contar a história…e o jantar já não soube igual, tudo porque aquele acéfalo decidiu quebrar as tréguas e invadir a minha privacidade. Enfim…hoje vim a saber numa conversa com um colega que aqueles dois espécimes são até bastantes comuns em Inglaterra. Chamam-lhes carinhosamente “Daddy longlegs” mas o nome técnico é Crane Fly (http://en.wikipedia.org/wiki/Crane_fly). Do artigo, destaco o seguinte: Despite their common names, crane flies rarely prey on mosquitoes, nor do they bite humans. Adult crane flies feed on nectar or they do not feed at all; most crane fly species live only to mate and die once they become adults.
Ora aí está um bom lema de vida ;)
2 comments:
Olha, gostei deste post! Conseguiste fazer-me rir no trabalho... good work ;)
Já me fartei de rir...em especial com a história da "besta"...
Tadinho do bambi...e a cobrinha de certeza que não te fazia mal nenhum...
Post a Comment